sábado, 21 de outubro de 2017

As Contribuições da Reforma Protestante e Qual a Necessidade de Uma Nova Reforma Hoje

as contribuições da Reforma Protestante e qual a necessidade de uma nova reforma para a igreja hoje

introdução:
A sociedade no período antes da Reforma, era dominada pelo poder papal, ou por aqueles que pela igreja eram colocados como dominantes sobre os demais que eram analfabetos e não possuíam terras. Os imperadores eram colocados nos seus cargos, para atender à vontade do pontífice da igreja. O período que antecede a Reforma é chamado de Medieval Idade Média ou ainda Idade das Trevas. Esta era foi conhecida por Idade das Trevas, porque devido a influência e o poder que a igreja exercia, não permitiram que tivessem uma expansão maior no que diz respeito, a economia, a cultura, a ciência e a política. Foram poucos os avanços em todas as áreas, uma vez que não era interesse do papa, dividir o poder que ele exercia sobre o mundo com uma outra forma que pudesse tira-lo do foco.
A expressão Idade das Trevas para se referir à Idade Média foi muito utilizada no passado. Alguns historiadores usaram esta expressão, pois tinham como referências a cultura greco-romana e da época do Renascimento. De acordo com estes historiadores, a Idade Média foi uma época com pouco desenvolvimento cultural, pois a cultura foi controlada pela Igreja Católica. Afirmavam também que praticamente não ocorreu desenvolvimento científico e técnico, pois a Igreja impedia estes avanços ao colocar a fé como único caminho a seguir .[1]
A Idade Média foi um período de conflito religioso. Protestantes e católicos viam esta era de perspectivas opostas. Os protestantes enxergavam este tempo como um período de corrupção Católica; eles repudiavam os caminhos da Igreja Católica com a sua hierarquia e doutrinas papais. Os protestantes se esforçaram para recriar um Cristianismo puro, desprovido desse comportamento católico "escuro". Os católicos não viam esta época como sendo "escura”, mas como um período religioso, harmonioso e produtivo. A Idade das Trevas foi também os anos das vastas conquistas muçulmanas. Juntamente com outros nômades e guerreiros com cavalos e camelos, os muçulmanos atravessaram o império caído, causando estragos e semeando heresia intelectual e social em seu caminho. As conquistas muçulmanas prevaleceram até a época das Cruzadas. Este antigo conflito entre o Cristianismo e o Islamismo permanece até hoje.[2]
No final da idade média surgi alguns personagens ilustres que já ouvimos falar os seus nomes algumas vezes, como:
Na pintura despontaram: Leonardo da Vinci (1452-1519), com a "Mona Lisa" e a "A Santa Ceia";
Rafael Sanzio (1483-1520) conhecido como o "pintor das madonas";
Ticiano, o mestre da cor, que imprimiu sua marca na escola de Veneza;
Michelangelo, escultor e pintor conhecido como "o gigante do Renascimento", responsável pelos monumentais afrescos da Capela Sistina. São também dele as esculturas de "Davi", "Moisés" e a "Pietá".
Na literatura, sistematizou-se o uso da língua italiana através de Francesco Guiciardini, Torquato Tasso, Ariosto e principalmente com Nicolau Maquiavel, com sua obra "O Príncipe".[3]

i – as contribuições da reforma
A Reforma contribui, estabelecendo um novo momento na sociedade como um todo. Entretanto no nosso caso a importância da Reforma está na volta da Igreja as suas bases fundamentais que sempre nortearam a fé do povo de Deus.

1.1  para a sociedade
A sociedade após a reforma passou por uma grande transformação, ouve vários avanços num todo, todas as camadas da sociedade experimentaram os efeitos positivos ou não da reforma, vai depender do ponto de vista de cada um. Os efeitos positivos estavam ligados as conquistas que o povo leigo passaria a ter como por exemplo, acesso ao aprendizado, etc. Os nobres e alguns que já exerciam algum poder político, aproveitaram a reforma para sair também debaixo do poder papal; a perda maior foi para a Igreja Católica e o papa Leão X[4].
“Nenhum aspecto da vida humana ficou intacto, pois abrangeu transformações políticas, econômicas, religiosas, morais, filosóficas, literárias e nas instituições. Foi, de fato, uma revolta e uma reconstrução do norte” afirma o escritor Eby Frederick.
Martinho Lutero também estimula a criação de escolas para toda a população. Houve forte ênfase ao ensino para suprir as demandas da recém chegada sociedade moderna, com dimensões geográficas, políticas, econômicas intelectuais e religiosas em     transformação.

A contribuição da Reforma no contexto educacional é tamanha que, de acordo com o educador espanhol Lorenzo Luzuriaga, a educação pública teve origem nesta época. O movimento já estimulava a educação pública, universal e gratuita, para quem não poderia custeá-la.
Universidades - As mudanças e ênfases da Reforma estimularam o surgimento das instituições de ensino. “A história das universidades nos estados alemães durante os séculos 16 e 17 foi determinada pelo progresso da religião e é quase idêntica a do desenvolvimento da teologia protestante”, declara Paul Monroe no livro História da Educação[5].
1.2  para a igreja
Como vimos na introdução, o poder pertencia a igreja e o seu pontífice, com isto a grande maioria do povo vivia abandonado pela igreja e alguns casos eram oprimidos pela liderança da igreja. A Igreja havia se desviado do seu princípio de servir ao Senhor Jesus e o pior de tudo, havia deixado a ortodoxia bíblica e formulado doutrinas contrarias a palavra de Deus, como vemos no gráfico a seguir.Segue o link do gráfico
 

Este gráfico acima retrata o período em que a Igreja Católica esteve desviada do princípio bíblico, culminando com as 95 teses que Martinho Lutero fixou na porta da igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha 31 de outubro de 2017. Com a Reforma Protestante, a igreja da reforma retornou à Cristo e aos ensinamentos bíblicos enquanto a Igreja Católica continuou propagando as suas heresias. As contribuições para igreja podem ser vistas nas cincos solas da Declaração de Cambridge:


1.2.1  SOLA SCRIPTURA – Somente a Escritura
Como vimos nas vendas das indulgências, a salvação estava garantida com estes documentos àqueles podiam compra-las, entretanto Martinho Lutero vai trazer de novo a importância de colocar a Bíblia no lugar em que ela nunca deveria ter saído. Somente a Escritura, ela é inerrante e infalível palavra de Deus, e única regra de fé é pratica que deve ser aceita e vivida pela igreja (IITm 3.16).
Sola ScripturaReafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.
Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação. 
1.2.2  SOLUS CHRISTUS – Somente Cristo
A igreja tinha a identidade do papa, porém, havia perdido a identidade de Cristo, o seu verdadeiro fundador. Os valores e os marcos do Calvário, foram trocados pela beleza das igrejas e dos castelos e mosteiros. A igreja havia perdido os valores absolutos que são encontrados e centrados somente em Cristo (At. 4.9-12).
Solus Christus – Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.
Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada. 
1.2.3  SOLA GRATIA – Somente a Graça
A igreja estava condicionando a salvação a compra de indulgências, e esforços humanos para a confirmação da salvação. Martinho Lutero vai trazer em suas 95 teses que a salvação não depende do papa que vende ou de quem compra, mais pela graça, que é um dom Deus (Ef. 2.8-9).
Sola Gratia – Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.
Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada. 

                    1.2.4  SOLA FIDE – Somente a Fé
A justificação é pela graça por meio da fé (Rm 5.1). Lutero vai compreender esta verdade lendo a epistola de Paulo aos Romanos, “mas o justo viverá pela fé” (Rm 1.17; Hb.10.38).
Sola FideReafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.
Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima. 
1.2.5     SOLI DEO GLÓRIA – Somente Deus a Glória
Quando vemos a coragem de Martinho Lutero, em fazer as suas 95 teses, entendemos que não foi algo do homem natural, mas de alguém que estava pronto a se comprometer com o Reino de Deus. Num período como disse num dos tópicos acima em
que os valores estavam corrompidos. Para levantar-se contra a igreja dominante precisava ter certeza do que de fato estava desejando fazer. Quando o Papa, começou, vender as indulgencias tinha como finalidade a construção da Basílica de São Pedro. Esta imponente obra iria representar toda a glória da igreja e a sua própria glória e seu poderio diante de todas as demais religiões. Martinho Lutero vai trazer aos líderes da igreja que somente Deus é digno de toda glória e adoração (Is.42.8).
Soli Deo Gloria – Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.
Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho[6].

2      – Qual a necessidade de uma nova reforma hoje
A Igreja contemporânea, enfrenta problemas semelhantes aos que precederam a Reforma. Hoje não é uma igreja que detém o poder, entretanto, são várias lideranças (denominações), que tem surgido e não prega e nem vive o Evangelho segundo o modelo bíblico. Vemos então que:
2.1  A glória não tem sido somente para Deus
Hoje a liderança precisa reconhecer que a glória é do Senhor, e consequentemente Ele não divide com ninguém. Não pode ser por exemplo a arca maior do que Aquele que a criou, a glória do templo, maior do que a glória do Deus que sustenta todas a s coisas. Sendo assim a igreja precisa voltar ao princípio da adoração.

2.2  A Escritura está sendo colocada à parte
Infelizmente hoje há certos líderes, pseudos teólogos, pastores, que já não dão à palavra do Senhor o peso, o valor que ela tem por ser a palavra Deus, por isso tem surgido muita aberração em algumas denominações.

2.3  Cristo não tem sido o fundamento basilar da igreja
A palavra que Cristo falou para Pedro que foi registrada pelo Evangelista Mateus, parece que já perdeu a sua essência. A mensagem do Calvário, tem sido trocada por histórias, por falsos testemunhos. A Pedra que os edificadores (At. 4.8-12) rejeitaram na época em que a igreja foi estabelecida, tem sida também hoje. Nos púlpitos falam-se de tudo e esquecem do principal a mensagem de Cristo.

2.4  A fé tem servido como moeda de troca
A fé tem sofrido grandes ataques, quando não é por conta da mídia, é por conta dos falsos pastores e líderes que estão fazendo da fé das pessoas necessitadas um sórdido comercio, capaz de trazer estragos a milhares de vidas e suas famílias. Hoje não vemos vendas indulgencias, mas tem muita igreja vendendo tudo que possa levar “saquear os bolsos” dos fiéis. Para meditar 2 Pedro capitulo 2.

2.5  A graça está sendo corrompida em detrimento das obras
Por fim, a graça cada dia mais tem sido removida, para dar lugar ou satisfazer o ego de alguém. Através dos dízimos que devolve ao templo, as ofertas colocadas nas salvas, uma ajuda aqui outra ali, tem levado muitos à pensarem que por isso, já estão com a sua salvação garantida. Não! É um erro pensar desse jeito. Sendo assim há uma necessidade sim de algo seja feito.

Conclusão:
Concluo afirmando que a Reforma Protestante trouxe sim importantes mudanças na sua época e que algumas podem ser vistas ainda hoje. Quanto a se há necessidade de uma nova Reforma, posso dizer que diante de tudo que está acontecendo no meio do povo de Deus, o modo como muitos líderes estão conduzindo suas igrejas, pensando somente nesta vida, é sim fundamental que aconteça algo com a igreja que traga de novo a sua origem.




[1] https://www.suapesquisa.com/idademedia/idade_das_trevas.htm
[2] https://www.allabouthistory.org/portuguese/a-idade-das-trevas.htm
[3] https://www.todamateria.com.br/renascimento-cultural/
[4] Papa Leão X - 217º Papa. Nome de nascimento: Giovanni di Lorenzo de' Medici.Nascimento: Florença,Itália - 11 de dezembro de 1478 - Eleição: 19 de Março de 1513 – Fim do pontificado: 1 de dezembro de 1521 (8 anos) – Morte: 1 de dezembro de 1521 (45 anos)
[5] http://portal.metodista.br/fateo/noticias/a-reforma-protestante-e-sua-contribuicao-para-a-educacao-moderna
[6] http://www.monergismo.com/ - Fonte: Declaração de Cambridge

sábado, 14 de outubro de 2017

Soli Deo Gloria

SOLI DEO GLÓRIA (5) – A GLÓRIA SOMENTE A DEUS
Eu Sou Yahweh, o SENHOR; este é o meu Nome! Não dividirei a minha glória a nenhum outro ser, tampouco entregarei o meu louvor às imagens esculpidas[1] Is.42.8.
Introdução:
A glória de Deus quando mencionada na Bíblia tem haver com a sua grandeza e excelência, não sendo, portanto, capaz de ser alcançada pelo homem em seu estado natural.  A definição da palavra glória em sua raiz hebraica é Kabod que tem o significado de peso, esplendor, honra, algo glorioso. O renomado reformador Martinho Lutero[2] vai combater em suas 95 teses, ainda com um certo cuidado o poder papal. Ele vai expressar dentro do seu conhecimento, que o poder papal, no que tange a remissão dos pecados dos fiéis, não pode ser ou ter um peso maior ou diferente do que está registrado nas Sagradas Escrituras, sendo assim ele vai deixar uma linha tênue de raciocínio que pode levar o seu leitor a entender que “Ao Deus todo poderoso seja toda a Glória”.
Segundo, John Piper no seu artigo: Soli Deo Gloria[3] ele define que:
A glória de Deus é a santidade de Deus colocada em exposição. Isto é, o valor infinito de Deus manifestado”.
I – A glória pertence a Deus.

Desde do Antigo Testamento vemos o Senhor deixando bem claro que a glória pertence a Ele, e está fora de qualquer cogitação dividir a sua glória com qualquer pessoa que seja, por mais que tivesse uma ligação direta com Ele e exercesse influência sobre o seu povo. A se todos entendessem de fato está verdade, a igreja iria refletir a sua glória e conheceria a sua vontade e mundo estaria muito melhor, com menos desigualdade entre a sociedade.

II – Os céus manifestam a glória de Deus.

Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos[4]. Sl 19.1

Podemos ver na formação do firmamento a glória de Deus sendo manifesta, trazendo forma, existência, aquilo que não havia. Nesta harmonia existente no universo, ainda que questionada por alguns ateístas, e negada pelos céticos, é possível ver a gloria de Deus envolvendo toda a obra por Ela realizada. Agora não podemos confundir e achar que Deus é o firmamento, a natureza como um todo, não, a natureza e os céus nos dão o testemunho e mostram que só o Senhor Grande e Poderoso como é; e que só Ele conseguiria criar e manter todas a s coisas em perfeita harmonia. O mar por mais imponente que seja foi colocado com um limite as rochas e areia; o sol querendo ou não sai de cena para dar lugar a noite; o calor por mais extremo que seja, chega uma hora que perde o fulgor, para dar lugar ao frescor de uma nova estação, e assim sucessivamente. Através destas manifestações torna-se possível o conhecimento de alguém. de um ser superior, que neste caso nós sabemos que não é qualquer um, mas o nosso Deus criador, majestoso, vestido de sua glória que é totalmente sua.

iii – a glória de Deus, abate a glória dos ídolos.

em nosso texto base vemos o próprio Deus dizendo que: tampouco entregarei o meu louvor às imagens esculpidas”, torna-se fundamental uma compreensão bem aprofundada deste texto. No Antigo Testamento a idolatria foi duramente combatida pelo Senhor, e quando tinha uma resposta positiva da parte do povo, em abandonar a idolatria, havia prosperidade na terra, entre o povo, não havia sinal pestes ou de algo parecido; a doença era retida, a terra respirava e produzia abundantemente, agora quando acontecia o contrário, povo passava por grandes privações, a ponto de uma “cabeça de jumento” e uma “caneca de esterco” custar valor um valor exorbitante, vemos também, o profeta Elias, des-

Houve grande fome em Samaria, porque o cerco foi mantido até que grande fome se espalhou por toda a cidade, a ponto de uma cabeça de jumento custar o equivalente a oitenta peças de prata, e uma caneca de esterco de pomba, cinco peças de prata. 2 Re. 6.25

safiando e colocando em cheque os ídolos de Acabe e da profana Jezabel, Baal e Azera (Astarote). Enquanto o primeiro era o deus que trazia fertilidade aos campos por mandar a chuva a segunda era conhecida como a deusa da fertilidade, do amor e da guerra, porém Acabe quando é confrontado pelo profeta do Senhor, a chuva não veio, a terra não pode produzir, os animais não se multiplicarão, as guerras não foram vencidas. É assim que Deus faz, já que não querem ouvir a sua voz, então pagar-se-ão uma conta muito cara. Lembremos que o Senhor Deus jamais permitirá que a glória que é sua seja dividida com terceiros, ou gloria é para Ele ou não, e toda glória que não chega a Deus terá um outro ser sendo adorado e glorificado. Entretanto 2 Crônicas 7.14 vai abrir a visão do povo hebreu e, consequentemente a nossa também, que se houver humilhação diante d’Aquele que é o Grande Eu Sou, haverá paz e abundancia na terra
.
IV – a glória de Deus é maior que a glória das Nações e dos reinos.

Pede, e Eu te darei as nações como herança, os confins da terra como tua propriedade. Sl 2.8

A glória de Deus não deve ser vista ou analisada sob a perspectiva qualquer, banalizada, mas de alguém que é glória. Tudo que existe é Dele, pertence a Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez, sendo assim nós vamos ver o nosso Deus poderoso, dando ao seu Filho Jesus as nações como herança. Só quem é dono pode pegar o que é seu e presentear outro, ou faze-lo parte de sua herança. No Salmo 46.6 o salmista vai compreender a dimensão da gloria Deus ao escrever: “Nações se agitam, reinos se abalam; Ele ergue a voz, e a terra se derrete”. Entendemos então e vemos quão é o poder que o nosso Deus exerce sobre as nações e os reinos. Na tentação quando Jesus foi levado ao (Mateus 4.1-11) deserto vemos o mentiroso satanás oferecendo a Jesus o poder e a glória dos reinos, sendo que Deus já havia oferecido todas as nações e todos os reinos como herança por ter conquista para o seu Pai homens de toda a raça tribo língua e nação (Ap. 5.9). Se eu já sou dono por direito adquirido por que então deixar seduzir-se pela a mentira do inimigo. Concluindo é interessante lembrar que se a ira do Senhor for derramada, e Ele bradar em alta voz, com o poder de sua voz derrete as nações com todo o seu poderio. Pensemos nisso.

v – a glória de Deus é superior do que a glória e o poder papal.

O monge Martinho Lutero vai entender que a glória e o poder pertencem a Deus e que nem o papa e muito menos os pregadores (vendedores) das indulgencias tem o poder de tirar ou colocar alguém no castigo eterno. Ele vai combater esta atitude das autoridades espirituais da sua época eis ai algumas teses:

19 - Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.
20 - Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.
21 - Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.
22 - Pensa com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.
23 - Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.
24 - Assim sendo, a maioria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.
25 -Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d'almas o tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.
26 - O papa faz muito bem em não conceder às almas o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.
27 - Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.[5]

Não era concebida por Martinho Lutero uma ideia de que o homem pudesse ser aceito por Deus, se este mesmo não entregasse a sua vida a Cristo. E que o papa por mais autoridade que tivesse, não podia assumir o lugar daquele que é Divino. Este período que motivou a reforma era um momento em que a igreja instituída por Cristo havia se perdido completamente, e as suas bases haviam sido trocadas por ensinamentos que estavam fora da palavra do Senhor.

vi – a glória de deus excede o conhecimento humano.

O momento em que vivemos, quando os lideres contemporâneos tem tentado a todo o custo manter a “sua glória” acima dos demais criando em alguns casos meios escusos para manter uma falsa aparência santidade, torna-se fundamental que a igreja do Senhor, coloque-O no lugar que é seu de direito, não num lugar escondido dentro do templo ou escondido dentro de uma arca num lugar qualquer, o tempo é propicio de chamarmos a existência com coragem e vigor qual seja a vontade do eterno Deus sobre a nossa vida e sobre a igreja do Senhor Jesus. Por mais que os grandes mestres criem doutrinas ou abram mão da ortodoxia bíblica, Deus em sua essência continua hoje, e sempre será aquele que diante dele toda a sabedoria e glória humana vai ter que se curvar. O apostolo Paulo vai dizer que tudo que o homem semear, vai colher, é a lei da semeadura, quando alguém semeia fora da vontade do Senhor, fora da vontade do Senhor colherá. A vaidade, orgulho, presunção, soberba, não atrairá a glória de Deus, entretanto um espírito quebrantado, atrairá com certeza a virtude da glória do Senhor. Como vimos na definição de Piper a glória de Deus e a sua manifestação da sua essência em santidade, e esta santidade quando revelada ao homem, ele sente a sua miserabilidade diante da santidade do Altíssimo, isto pode ser visto na visão que o profeta Isaias teve da glória de Deus no capitulo 6.5 do seu livro, quando ele cai em si usa a seguinte expressão: “Pois eu sou homem de lábios impuros [...] e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos Exércitos”. O profeta Isaias vai sentir qual é o peso de ter uma experiência profunda da glória do Senhor.

CONCLUSÂO:

O momento é muito bom para cada um de nós abrir mão daquilo que julgamos certo e procurar conhecer mais profundamente a excelência e a grandeza da glória, poder e majestade do Senhor, sabendo que a essência da sua glória Deus não divide com ninguém. Então poderemos dizer sempre: “Soli Deo Glória!!





[1] Bíblia King James Atualizada
[2] Reverendo padre, monge da Ordem Santo Agostinho, mestre em Artes e em Sagrada Teologia e professor. (As 95 Teses e a Essência da Igreja – Martinho Lutero – Editora Vida – 1ª Ed. 2016 - SP
[4] Bíblia João Ferreira Almeida Atualizada

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Diaconia e o Serviço Cristão!

Resumo do capitulo primeiro do Livro Diaconia – "O significado da raiz diakon- e seus derivados no Novo Testamento

Introdução: Neste primeiro capítulo vemos a importância do trabalho que foi desenvolvido ao longo da história no que está relacionado ao ministério diaconal na Bíblia, porém nas Cartas do apóstolo Paulo (autênticas e deuteropaulinas) e nos Evangelhos é que este termo diakonos dá uma conotação mais abrangente quanto a vida de algumas pessoas que exerceram com dedicação este chamado. Vamos então a este importante tema.

1 – O significado da raiz diakon- e seus derivados no Novo Testamento

No Novo Testamento a raiz diakon- e seus derivados aparecem, independentemente de determinadas decisões de crítica textual, umas cem vezes, sendo que em distribuição mais ou menos imparcial como substantivos diakonos, diakonia e o verbo diakonein. Nos estudos a seguir termos uma visão mais precisa possível sobre este termo usado na tradição bíblica. Abordaremos a priori as passagens em que aparece o termo diakonos no Novo Testamento. Como ponto de partida enfocaremos o significado do verbo diakonein à base do texto do Evangelho de Mateus 25.31-46. No atual debate teológico sobre a raiz diakon- e seus derivados percebe-se uma clara mudança de enfoque. Na maioria das Bíblias que tem as traduções em alemão prevalece ainda a compreensão de diakonia como “Dienst/serviço” ou “Amt/ministério”, pesquisas mais recentes salientam um outro sentido do termo, que faz referência mais ao aspecto da mediação entre grupos ou setores diversos. Neste sentido a diaconia move-se de uma atividade mais criativa para um trabalho voltado mais para a comunicação, construção de redes e mobilidade.

·         Diaconia como mediação – O termo de diakonos é entendido como nomeação, para uma tarefa mais de serviço nas comunidades cristãs primitivas, que consistia especialmente na ajuda a pessoas necessitadas; esta compreensão unilateral é passiva de discussão. Como contribuição este termo será apreciado detalhadamente o seu uso e o seu significado no Novo Testamento. No Novo Testamento o termo diakonos aparece 27 vezes; mais adiante será mais aprofundado, com ajuda dos textos escritos pelos Pais da Igreja, de modo especifico as Cartas e Inácio, a tese elaborada no conjunto central à base das passagens do Novo Testamento. Com estes três passos buscamos demonstrar uma compreensão de diakonos, que não se limita apenas na assistência social, porém, com uma amplitude maior orienta-se nas relações externas das comunidades cristãs, que exigem comunicação e mobilidade correspondente.

·         Possíveis derivações e significados no grego do termo diakonos – Em relação ás origens e aos significados de diakonos, há diversas sugestões; segundo a própria origem etimológica do termo não é clara. A uma corrente que atribui aos Pais da Igreja a etimologia da palavra diakonos de dia-konis – “através do pó”. Contudo esta dedução ainda não convence, porque o “a” em dia-konis é breve enquanto em diakonos é longo. Outros, apontam para a conexão com diaktoros, mensageiro, de modo especial referindo-se a Hermes. Entretanto, outros opinam que o termo originou da combinação de enkeo - “ser apressado” – coma antecipação da partícula dia; esta explicação é tida e aceita como a mais correta, considerando ainda digno de nota o fato de que aqui o aspecto do movimento tem grande importância. Contanto seja como for quanto à relação etimológica de diakonos aparece ser ainda é incerto. Há ainda outros enfoques para explicar a origem do conjunto de termos com base em diak- ou seja diakonos, diakonia e diakonein, a partir de determinadas expressões. Sendo assim Klaus Berger considera a ajuda aos pobres no judaísmo um importante precursor da pratica diaconal. Ele aponta uma conexão existente entre o “Testamento de Jó” e Atos capitulo 6. No “Testamento Jó”, que surgiu entre o ano 100 a.C. e 100 d.C., são descritas em combinação com o que consta na Bíblia em Jó 31.16, diversas e importantes obra de Jó. Voltando a esta relação com a tradição judaica Klaus estabelece uma linha com os termos hebraicos Chäsäd (eleemosyne) e tsedaqa (dikaiosyne), bem como as gemilut chassidim da tradição rabínica. De modo semelhante, Hermann Wolfang Beyer em seu artigo no Theologisches Wörterbuchz zum Neuen Testament, aponta para a relação da diaconia cristã, em especial o termo diakonos, com a ordem de vida comunitária judaica. Segundo o autor, no entanto, diante dessa suposta relação com a tradição judaica surpreende o fato de que o termo diakonos apareça muito pouco na Septuaginta, aparecendo no livro de Ester para designar os servos do rei Assuero (1.10; e apenas em alguns manuscritos em 2.2; 6.1-5). Fora do livro de Ester vai aparecer num escrito bem posterior 4Mac 9.17, para caracterizar o s carregadores de armas (hoi hipaspistai), que ao torturarem alguém, são chamados por ele de “miseráveis diakonoi”. Sendo assim diante dessa rara ocorrência do termo, é pouco provável que, apesar de toda a relação do cristianismo primitivo com o judaísmo, o termo diakonos, possa ser derivado diretamente da tradição judaica. Então, parece ser mais coerente partir do significado correto do termo na tradição grega da Antiguidade e, portanto, encontrar a compreensão mais aprofundada do termo no cristianismo primitivo. A tradução de diakonos nas Bíblias alemãs, no entanto, ainda está fortemente marcada pelo artigo de Hermann acima mencionado, de 1935. Ele define o termo a partir da ideia do servir. Na sua opinião o significado básico, é o servir à mesa. Beyer vai diferenciar entre primeiro o livre emprego de diakonos, que ele traduz por servo ou serva, e no segundo lugar Diácono respectivamente diácona como designação para fixar um ministério na comunidade. A partir destas definições, nas traduções da Bíblia em alemão, em geral, diakonos é traduzido por “servo/a” ou “diácono/a” respetivamente “diaconisa”. Beyer ainda vai listar uma serie de significado como por exemplo, o mensageiro, administrador, segundo piloto, padeiro, cozinheiro, vendedor de vinho, bem como estadista.

·         O uso neotestamentário do termo – As passagens em que aparece o termo diakonos no Novo Testamento podem ser subdivididas em três blocos: nas cartas autênticas de Paulo em Fp1.1; 1Co3.5: 2Co3.6; 6.4; 11.15, nas cartas deuteropaulinas em Cl 1.7; 1.23; 1.25; 4.7; Ef 3.7; 6.21; 1Tm 3.8; 3.12; 4.6, e nos evangelhos em Mc 9.35; 10.43; 22.26; Mt 20.26; 22.13; 23.11; Jo 2.5; 2.9; 12.26.

·         Diakonos nas cartas autênticas de Paulo – Em 1 Tessalonicenses 3.2 tem registrada a comprovação mais antiga do termo diakonos, onde ele cita o seu filho na fé Timóteo como “diakonos de Deus no evangelho de Cristo”. Na versão atual grega do Novo Testamento de Nestle-Aland, não aparece o termo diakonos, mas synergos (colaborador). Esta variante proposta por ele é plausível para o ponto de vista da crítica textual, contudo sua comprovação pelos códices é relativamente fraca. Outra passagem semelhante, em que aparece e é inquestionável sob o ponto de vista da crítica textual, muito cedo aceito pela tradição cristã de uma pessoa designada como diakonos, está registrada em Romanos 16. Onde Paulo descreve a irmã Febe como diakonos na igreja de Cencreia. Ele exercia o seu ministério em Cencreia subúrbio portuário a leste de Corinto; ela vai tornar-se importante mediadora, entre Paulo e os crentes de Roma. Em 1Corintíos 3.4, o próprio apostolo refere-se a ele mesmo como diakonoi por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Paulo afirma que tanto ele, quanto Apolo são diakonoi. Em 2 Coríntios 3.5 Paulo designa ele mesmo como diakonos. Em Romanos 15.8, Paulo refere-se à função mediadora de Cristo com sendo diakonos da circuncisão. Por fim em Romanos 13.3, Paulo refere-se à autoridade (poder político estabelecido por Deus) como diakonos, vingador, para castigar o que pratica o mal.

·         O uso do termo diakonos nas cartas deuteropaulinas – Estas cartas que levam o seu nome, porém foram escritas após a sua morte encontramos também este termo diakonos, semelhante ao do próprio Paulo No início da carta de Colossenses 1.7, encontra-se uma referência a “Epafras nosso amado conservo, e quanto a vós fiel diakonos de Cristo” No final da carta de Colossenses 4.7 é citado Tíquico, como irmão amado, e fiel diakonos, conservo no Senhor. Outras referências Efésios 3.7; 6.21; Colossenses 1.23.

·         Diakonos nos evangelhos – Nos evangelhos não temos referência a uma pessoa como ocorre nas cartas paulinas, porém é de modo geral uma abordagem que se refere a igreja de Cristo como um todo. O nosso ponto de partida será o evangelho de João que apresenta duas passagens em que aparece o termo diakonos.

·         O uso do termo no Evangelho de João – Este termo está relacionado com a passagem de João 2.5, da boda de Caná da Galileia, quando Maria falou aos diakonoi: Fazei o que ele vos disser. É possível entender o serviço que estes diakonoi exerciam entre os convidados, Maria, Jesus e o mestre-sala. Mesmos sendo servidores comuns estiveram um papel especial no primeiro milagre que o Senhor Jesus realizou. A outra passagem que ocorre o termo diakonos é em João 12.26: “Se alguém me diakone, siga-me...”.

·         Diakonos nos evangelhos sinóticos – Nos evangelhos sinóticos, encontramos em Mateus 22.11 um emprego do termo semelhante ao de João 2, quando os diakonoi são mencionados em conexão com uma festa de casamento. Mateus em registra nos versículos de 1-10 em paralelo com Lucas 14.15; então ordenou o rei aos diakonoi: amarrai-o de pés e mãos e lançai nas trevas... No livro de Marcos 9.33, vemos Jesus advertindo que “quem quer ser o primeiro será o último e diakonos de todos”. O termo diakonos passa ser combinado com a expressão “ser o último”. Nos evangelhos vemos Cristo sendo o maior exemplo para os apóstolos e para a igreja primitiva de como Ele exerceu o seu diakonein especial no momento da última ceia; sobre o diakonein de Jesus refere-se simultaneamente à sua morte de cruz.

2 – Observações quanto à função do diakonos nos Pais da Igreja – Nas fontes extracanônicas do cristianismo primitivo, pode-se observar que o termo diakonos, no final do primeiro e do segundo séculos, ao lado dos termos episkopos e presbyteros. Clemente em sua Carta entendeu que havia uma necessidade da instituição de diakonoi. Segundo a Didaquê – uma ordem da vida comunitária do séc. II, os diakonoi devem ser definidos, juntamente com os episkopoi. Nas Cartas de Inácio de Antioquia, encontramos seguidamente tríade episkopos, presbyteroi ou presbiteryon e diakonoi, sendo episkopos aparece no singular. Ao passo que tudo indica que nessa época o episcopado monárquico já estava plenamente estabelecido. Por exemplo Inácio escreve aos esmirnenses; “Sigam todos ao bispo, Como Jesus Cristo ao Pai; sigam ao presbitério como aos apóstolos. Acatem aos diáconos como a lei de Deus. Com base nisso se estabelece uma hierarquia, em que o episkopos e o presbyterium estão colocados à frente dos diakonoi. Na Carta de Inácio aos Filadélfios, ele menciona o nome de dois outros diakonoi, Filon diácono da Cilícia e Reos Agátopos que o acompanhava desde a Síria. Assim podemos concluir que a função mediadora nos contatos entre diferentes comunidades, exercida especialmente pelos diakonoi, pode ser comprovada a partir das cartas de Inácio. Eles são mensageiros de comunidades que acompanham Inácio, ao menos em parte, para Roma, em sua trajetória para o martírio, possibilitando assim o contato de Inácio com as suas respectivas comunidades. 

3 – Diaconia como relação externa da igreja – Após ter sido analisado na parte anterior o significado do substantivo diakonos, nesta unidade veremos o verbo diakonein. Iniciemos, pois com as considerações introdutórias, tendo como base uma fonte posterior.

·         Diakonein como dirigir-se a pessoas fora da comunidade – Em uma ordem de vida eclesiástica da Síria do séc. V consta: “Se o diácono atua numa cidade localizada junto ao mar, ele deve investigar cuidadosamente a praia para ver se as ondas do mar não trouxeram o corpo de um marinheiro naufragado. Ele deve vesti-lo e sepultá-lo. Na hospedagem para estrangeiros, ele deve verificar se lá não se encontram pessoas doentes, pobres ou mortas. Ele comunicará à comunidade para que ela se ocupe com o que é necessário para cada um”[1]. Na maioria das comunidades onde se realiza um trabalho diaconal não é à beira do mar, nem também o trabalho do diácono e voltado só para estrangeiros ou àqueles que já morreram. A ideia deste texto supracitado é mostrar como o trabalho diaconal deve ser desenvolvido com muito zelo e com cuidado. A irmã Febe é denominada por Paulo como diakonos da ekklesia de Cencreia. Se nos prendermos na função que lhe cabiam, ficam evidentes dois aspectos por um lado, ela detinha uma função diretiva (prostatis, dirigente) na comunidade de Cencreia, cidade portuária de Corinto, no sul da Grécia. Possivelmente ela cuidava dos estrangeiros quando chegavam e precisavam do necessário para a sua sobrevivência como por exemplo o apoio dado ao próprio apostolo Paulo. É bem provável que Febe desenvolvesse um trabalho parecido com o diácono do texto acima citado; reunião os estrangeiros famintos, sedentos, cansados, sujos, malvestidos, estranhos e, quem sabe, até doentes. Ela era a primeira pessoa da comunidade com o qual os estrangeiros entravam em contato. Certamente ela também desenvolvia serviços que, costumeiramente, são caracterizados como de caridades. Uma outra tarefa diaconal que ela executou foi se colocar no caminho e, ao o que tudo indica, levou a Carta aos Romanos de Corinto, onde Paulo estava no momento. Entendemos portando que o dakonein em ligação direta com a vida fora das “quatros paredes da igreja”.

·         Diaconia como relação externa da igreja atual – Neste tópico, passaremos à atualização das ideias até aqui desenvolvidas. Sob o pano de fundo das reflexões bíblicas sobre a relação entre a diaconia e igreja, podemos enfocar a relação atual entre a Diaconia como instituição e a igreja institucional na Alemanha. Quanto à ligação com a igreja institucional, deve-se levar em consideração, em primeiro lugar que existe uma compreensão estabelecida sobre diaconia, com a qual se entende as diversas formas de serviço diaconal como “manifestação do ser e do viver da igreja” (Constituição da Igreja Evangélica da Alemanha – EKD, sigla em alemão, Art.15). Por isso, no discurso interno tanto na igreja como na diaconia sempre é destacada em ambos os lados essa vinculação indissolúvel entre a igreja e diaconia. A diaconia compartilha, segundo sua concepção própria e da igreja, o conteúdo da, auto definição da igreja constituída. Essa vinculação indissolúvel entre a igreja e diaconia geralmente se fundamenta com referência à criação da moderna diaconia alemã por Wichern em 1848. Entretanto, sob o ponto de vista histórico, não dá para negar que a tentativa de Wichern de integrar a moderna diaconia na igreja paradoxalmente levou de fato a uma diferenciação crescente entre a diaconia e a igreja. Quanto mais a diaconia passou a ser profissional isto até aos dias de hoje, o trabalhou diaconal se desenvolveu, tanto mais fortes e claras se tornaram as tendências de auto distanciamento da igreja. As mudanças e as exigências econômicas, os profissionais de direção e de investimento de tempo em relação à diaconia profissional são tamanhas, que seria arriscado tentar estabelecer um vínculo intimo com a igreja constituída. Segundo o autor a devido as leis criadas na Alemanha e no bloco europeu, a tendência e que deve acabar está diaconia como havia sido estabelecida antes.

Conclusão: Este capitulo teve como finalidade precípua trazer luz sobre os termos substantivos diakonos, diakonia e verbo diakonein. Tendo feito isto o autor procurou trazer aos seus leitores de modo sintético um esclarecimento de como era a comunidade alemã cristã (e não cristã) no que diz respeito a diaconia exercida por eles. Dá uma introdução na diaconia nos evangelhos, nas cartas autênticas paulinas e deuteropaulinas. O autor encerra este capítulo trazendo luz ao texto de 2Coríntios 3, onde o texto trata da diaconia exercida por Moisés no Antigo Testamento de como ele relacionava-se com o povo; que como disse o autor que no início não é fácil a interpretação. O apóstolo Paulo usa o termo diakonia para referir-se ao seu ministério e o modo como ele transitava de um lado para o outro cumprindo a sua missão. Paulo que faz menção da diaconia Moisés, como ele estava exercendo diante do povo este tão importante chamado. Moisés ia levando as necessidades do povo para Deus e vinha consequentemente trazendo de Deus a mensagem para o povo; chamado este que o apostolo vai desempenhar também como poucos, orava pelos crentes e via as suas necessidades e também respondiam aqueles que precisam, aquela, que era o querer de Deus para a sua vida no particular e especialmente para a noiva do Cordeiro como um todo.

Por: Valmir Ribeiro dos Santos

Bibliografia
STARNITZKE, Dierk. Diaconia: Fundamentação bíblica – Concretizações éticas / Dierk Starnitzke. Tradução de Martin Volkmann – São Leopoldo – Sinodal, 2013.

Bíblia de Estudo Pentecostal Edição Revista e Corrigida CPAD 1995

Fim




[1] Citação extraída de FICHER, Balthasar. Dienst Und Spiritualität des Diakons. Das Zeugnis einer syrischen Kirchenordnung des 5. Jahrhunderts, in: PLÖGER, Johannes (ed.). Der Diakon. Wiederentdeckung und Erneuerung seines Dienstes. Freiburg, de Basel, Wien, 1980, p.263-273, no caso p.266