quarta-feira, 29 de março de 2017

As doutrinas essenciais da fé cristã!

 As doutrinas essenciais da fé cristã

INTRODUÇÃO:
Abordaremos aqui as doutrinas que são essenciais a fé cristã sob a perspectiva do autor, veremos a importância de ter a Bíblia como sustentáculo das doutrinas bases da fé, como os concílios influenciaram no estabelecimento das doutrinas fundamentais e a importância dos fundamentos soteriológicos, epistemológicos e hermenêuticos na construção das doutrinas essenciais.

1 - Duas maneiras de abordar a questão das doutrinas essenciais
Segundo o autor tem havido várias tentativas para definir os fundamentos da fé. Na década de 1920, surgiu com os fundamentalistas uma lista semelhante as anteriores abordando duas maneiras possíveis de se conhecer as doutrinas essenciais, por meio das doutrinas fundamentais da fé e aquelas que são doutrinas soteriológicas, fundamentais para a salvação.

2 - Uma lista teológica de doutrinas essenciais
O autor refere-se ao Novo Testamento como a base teológica para abordar e responder sobre as doutrinas básicas para a salvação da humanidade, descritas na epístola de Paulo aos Romanos do capitulo 1 a 8, como sendo justificação (3b-5), santificação (6-7) e glorificação (8).
1 – Justificação: A Salvação da Pena do Pecado – O autor menciona que são onze as doutrinas necessárias para tornar possível a justificação: 1) a depravação humana; 2) O nascimento virginal de Jesus, 3) a impecabilidade de Jesus, 4) a divindade de Jesus, 5) a humanidade de Jesus, 6) a unidade de Deus, 7) a Triunidade de Deus, 8) a necessidade da graça de Deus, 9) a necessidade da fé; 10) a morte expiatória de Jesus e 11) a ressurreição de Jesus. Sem o conhecimento seria impossível o ser humano alcançar a uma posição legal diante de Deus, (Rm.1-3a).
2 – Santificação: A Salvação do Atual Poder do Pecado – Duas novas doutrinas serão agrupadas as outras anteriores como sendo necessária a esta segunda fase da salvação: a santificação: 12) a ascensão de Jesus e 13) a vigente intercessão sumo-sacerdotal de Jesus. Enquanto a justificação é instantânea, a santificação é um processo diário que envolve o seu relacionamento com Deus por intermédio do Espirito Santo e do próprio Jesus (Jo. 16.7) que por meio da sua ascensão intercede pelos santos (Hb 9.11,12).
3 – Glorificação: A Salvação da Futura Presença do Pecado – A segunda vinda de Jesus corresponde a doutrina 14, que vai ser necessária para a conclusão de nossa salvação: a glorificação. A parousia marca a derrota final da morte, do pecado e do sofrimento. Os credos e as confissões da fé cristã já há muito tempo deixaram bem claro que nas Escrituras está devidamente definido o destino dos santos e dos ímpios, enquanto estes estão toda a eternidade com Cristo (Mt.25), os outros estarão eternamente sob o domínio das trevas. Atanásio em seu Credo por exemplo diz que: “E quando [Jesus] vier, todos os homens ressuscitarão com o seu corpo, para prestar conta dos seus atos. E os que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna, e os maus para o fogo eterno”.
4 - O que torna uma doutrina essencial? Toda a doutrina para ser essencial deve ter toda a sua base na Bíblia e deve ser de natureza soteriológica ou salvífica e sua essência tem que estar ligada a salvação (Rm 1.16).

3 - Uma abordagem histórica às doutrinas essenciais 
As quatorze doutrinas essenciais da salvação segundo o autor constam nas primeiras confissões e credos da igreja cristã, contudo podemos afirmar que existe uma confirmação histórica do processo teológico. Nos Credos dos Apóstolos e Niceia (325 d.C.), encontram-se as quatorze doutrinas essências para nossa salvação. No Credo de Atanásio (c. 428 d.C.) além de fazer referência a todas as quatorze doutrinas essenciais, enfatiza a trindade e a encarnação de Cristo e foi dirigido contra as muitas heresias como: o triteísmo[1], que afirmava ser três deuses, mas um só Deus; contra o monofisismo, afirma que “não confusão” ou mistura das duas naturezas; contra o nestorianismo[2], declara que há uma “unidade” das duas naturezas em uma Pessoa; contrariando o arianismo, o Filho é de “substância [...] igual entre si” com o Pai e não foi “feito”, mas é “incriado” e “ eterno”, dentre outras doutrinas. O Credo de Calcedônia (451 d.C.) além de incluir outras doutrinas essenciais, destaca a trindade, o nascimento virginal de Cristo, sua humanidade e divindade e a unidade hipostática de suas duas naturezas em uma pessoa, sem separação, nem confusão. Enfatiza também a perfeição e completude das duas naturezas, juntamente com a eternidade do Filho, antes de todos os séculos.

4 - Critério discernentes para a ortodoxia
O autor faz a menção de que, ainda que muitos dos segmentos do cristianismo aceitem estes três primeiros credos e quatro concílios como definição definitiva de ortodoxia, nem todos os tem como mesmo valor. Por exemplo os católicos romanos aceitam vinte e um concílios da igreja como fidedignos. Os Ortodoxos da Igreja Oriental aceitam os primeiros sete somente. Os não católicos aceitam apenas quatro e faz menção de numerosas doutrinas pronunciadas por concílios mais recentes que são objeção às Escrituras. Entre tantas podemos destacar a adoração aos ícones, veneração a Maria, a oração pelos mortos[3]... A visão reformada (de Lutero e Calvino) aceita geralmente os quatros primeiros concílios da igreja, a partir do quinto, as doutrinas supras citada começa a emergir. Embora o Credo dos Apóstolos fosse reconhecido e respeitado pelos primeiros anabatistas, acentuava eles que só a Bíblia é infalível e tem autoridade divina.
1 - A diferença entre explícito e implícito - As doutrinas essenciais nos credos nem sempre estão explicitamente declaradas; a doutrina das Escrituras é um exemplo mesmo estando implícita é a base única e infalível para a crença cristã. a doutrina da depravação humana não é explicitamente tratada nestes antigos credos mas é implícita nas declarações sobre a morte de Jesus e na necessidade da remissão e perdão pelos nossos pecados.
2 - A diferença entre as doutrinas necessárias para a salvação e as necessárias para sermos salvos - Nem todos os fundamentos da soteriologia são necessários explicitamente para crermos para a salvação. O nascimento virginal de Jesus não faz parte dos escritos para salvação, portanto se Jesus tivesse sido concebido como um homem normal não teria como livrar o homem do pecado; chega-se à conclusão do que é verdadeiro e do que deve ser crido para a salvação.
3 - A diferença entre negar e não crer numa doutrina - Segundo o autor existem algumas doutrinas essenciais que a pessoa mesmo que não creia, ainda assim pode ser salvo, como o nascimento virginal, na inspiração das Escrituras, na ascensão de Jesus e mesmo assim ser salvo. É possível alguém crer no Senhor Jesus Cristo (At 16.31), mesmo sem nunca ter ouvido falar da divindade de Jesus e ser salvo, entretanto quando a pessoa ouve falar da divindade de Jesus e não a aceita, a Bíblia não dá base para acreditar que esta pessoa será salva.
4 - A diferença entre heresia e salvação - É possível alguém ser herege em algumas doutrinas e mesmo assim ser salvo. Fica um tanto incoerente e antibíblico a pessoa ser contra as doutrinas, segundo o autor é melhor alguém incoerente salvo do que o coerente não salvo.
5 - A diferença em ser herege em uma ou em todas as doutrinas - Ainda que alguém negue a inerrância da Bíblia, ainda assim pode ser salvo. Por mais que a inerrância faça parte da epistemologia, não é fundamental para a salvação, neste caso precisam-se ser ortodoxos nas doutrinas salvíficas supras citada para a salvação.
Três diferentes tipos de doutrinas essenciais   
Fundamento Soteriológico - Estes fundamentos estão ligados diretamente as doutrinas da salvação; podem ser divididos em necessários para a justificação, para santificação e para a glorificação.
Fundamento Epistemológico - É notável na lista das doutrinas essenciais a falta da (15) da inspiração das Escrituras. Esta doutrina embora seja essencial, não é fundamental por não ser soteriológica, mas epistemológica.
5 - Fundamento Hermenêutico – É incluído nesta lista de doutrinas fundamentais a (16) interpretação literal e histórico-gramatical da Escritura. Sem esta doutrina não há ortodoxia. A maioria das seitas especializam em negar este método literal, no todo ou em parte. Toda a doutrina protestante tem de sola Scriptura (só a Bíblia).
6 - CONCLUSÃO:
Embora o autor tenha inserido aqui de modo brilhante as doutrinas essenciais à fé cristã. Poderíamos ainda acrescentar a doutrina da ação e ministério do Espirito Santo na igreja, a doutrina do batismo e a ceia do Senhor. Vemos aqui como foi importante os concílios e o credos no estabelecimento das doutrinas fundamentais da fé crista. Aquele que deseja ser um apologista da fé cristã, precisa ser de modo relevante um bom conhecedor da Bíblia.

 Geisler, Norman L. - Meister, Chad V. - Razões pra Crer
( resenha do capitulo seis)



[1] Crença nos três Deuses da Trindade, com que se acusavam os cristãos de admitirem, em Deus, a existência de três pessoas, de três substâncias. (Dicionário Houaiss eletrônico 3.0)
[2] Doutrina ligada a Nestório (380-451), monge de Antioquia, que fazia a distinção entre as naturezas divina e humana de Cristo, o que consequentemente negava a maternidade divina de Maria. (Dicionário Houaiss eletrônico 3.0)
 [3]...o purgatório, a necessidade de obras para a salvação, a inspiração dos livros apócrifos, a adoração dos elementos    consagrados na eucaristia, a assunção de Maria e a infalibilidade do papa.

Caráter de um bom Apologista!



 O Caráter de um bom Apologista: Vida e obra de Bob Passantino

INTRODUÇÃO:
A vida e obra de Robert Passantino é de muita relevância para todos que amam e primam pela boa exposição da palavra de Deus de modo consciente e sincero. Segundo o seu cunhado ele gostava de ser chamado de Bob. Ele foi um dos maiores apologista de sua época, marcando toda uma geração, casado com Gretchen com quem dividiu a suas muitas experiências no campo da apologética. Alguém disse sobre ele que: “O processador de Bob tinha um clock duas vezes mais rápido que o nosso. Por isso, fez mais para o Senhor em seu tempo do que a maioria de nós fará em cem anos”! Ele era muitíssimo culto, riquíssimo em argumentos filosóficos, científicos, históricos, tudo pela verdade da fé cristã. Ele tinha um brilho intelectual, extrema erudição, forte lógica e bom senso incomum lhe acompanhavam de um conjunto de outras virtudes que permitia praticar de forma mais agradável e admirável a apologética, mais do que qualquer um dos seus contemporâneos. A apologética de Bob se assenta sobre onze virtudes que o fizeram extraordinário apologista que são: 1) Inteligência, 2) Coragem, 3) Humildade, 4) Paixão, 5) Humor, 6) Paciência, 7) Generosidade, 8) Energia, 9) Trabalho em equipe, 10) Amizade e 11) Amor. É o que veremos a seguir.

1 – Intelecto – Os amigos de Bob testemunhavam que ele era possuidor de um vasto conhecimento e que tinha uma mente brilhante. Segundo seu cunhado quando seus pais lhe deram oportunidade para namorar a sua irmã Gretchen ficaram preocupados se ele tinha formação suficiente à altura de sua irmã que estava na época fazendo faculdade. Bob trabalhava numa empresa de reprografia[1], neste tempo como trabalhava 2 horas por dia, dedicou-se a leitura dos 24 volumes da edição de 1969 da Enciclopédia Britânica em três a quatro meses! O que foi interessante é que ele teve a compreensão e reteve o que leu. A partir deste momento começou uma maratona de leitura, lendo milhares de livros e artigos. Foi intensa a sua formação intelectual, podia responder e falar das questões teológicas, filosóficas, astrofísica e física subatômica, arqueologia e zoologia, economia e criminologia[2] e os Irmãos Marx. Estar do lado contrário de Bob num debate era muito difícil, porque ele sempre ganhava os debates.

2 – Coragem – A sua preparação intelectual, levou a fazer um estudo com ajuda de um amigo descobrindo as refutações que fossem úteis para debater e refutar as testemunhas de Jeová. Foi aos Salões do Reino, participou dos estudos de A Sentinela, fazendo perguntas complicadas em voz audível. Devido as perguntas embaraçadoras foram conduzidos pelos superintendentes as salas laterais, onde as conversas ultrapassavam a noite, indo até pelas altas horas da madrugada. Conta ele que uma certa noite um ancião ficou frustrado e furioso e saiu da sala rapidamente e voltou tendo passado um tempo em um carro fazendo uma freada brusca e quando saiu do carro apontou uma arma com a aparência de um rifle ou uma espingarda e mandou que eles fossem embora, o que eles sabiamente fizeram.

3 – Humildade – Mesmo cheio de coragem e tendo um conhecimento tal qual ou mais que os demais, sempre valorizou as pessoas e quando perdia algum debate via nisto uma possibilidade de crescimento. Após a sua morte seus amigos deram testemunhos ao seu respeito de que ele era uma “humildade e graciosa” no trato com as pessoas e que o “conhecimento não incha”. Ele ensinou o valor de viver como humilde servo de Deus.

4 – Paixão – Mesmo sendo humilde não se tornou uma pessoa envergonhada que vive isolada, pelo contrário sua paixão em busca da verdade bíblica pela verdade, levava-o a discordar até dos amigos que estavam em convívio. A sua paixão não girava em torno daquilo que não era concreto, mas principalmente por Cristo e as pessoas, as quais ele tinha um prazer de faze-los conhecedores do evangelho.

5 – Humor – A sua paixão por ideias segundo o autor não fez de Bob uma pessoa de mau humor, pelo contrário ele irradiava alegria onde estava por mais que o momento fosse de tristeza, até mesmo por uma perda de um amigo. Por ser um homem espirituoso onde ele estava o ambiente era tomado por uma grande alegria.

6 – Paciência – A paixão de Bob pela verdade e pelas pessoas, unidas ao seu bom o humor o levaram a cativar uma grande virtude apologética – a paciência. Sendo ele possuidor de uma sabedoria tal, ainda assim tinha paciência para ouvir as demais pessoas, coisa que normalmente não é comum com aqueles que tem uma sabedoria a mais. Esta virtude foi encontrada em sua vida.

7 – Generosidade – Embora tivesse paixão, humor e paciência, uma outra virtude foi a generosidade no trato para com as pessoas. A sua condescendência no trato com as pessoas foi uma de suas marcas. Era gêneros para tratar as pessoas, passava horas respondendo as necessidades daqueles que iam até ele pessoalmente ou faziam pelo telefone; sempre estava pronto a atender, sem medir esforços, com a sua morte alguém pode dizer “ficou um vazio no mundo apologética do telefone”.

8 – Energia – Sua energia era de fazer “inveja” a muitas pessoas a sua generosidade era por ele partilhada numa velocidade a pleno vapor; se deixassem ele falava e argumentava por horas, enquanto alguns já não suportaria e seria vencido pelo cansaço, ele entrava pela madrugada em busca de uma boa exposição de pensamentos.

9 – Trabalho em equipe – Jesus Cristo mandou os discípulos irem de dois em dois e isto segundo o escritor se vê na vida de Bob e Gretchen uma equipe mobilizada a desenvolver uma apologia fantástica que influenciaria a vida de muita.  
10 – Amizade – Enquanto alguns as pessoas que possuem seus patamares mais elevados criam inimizade, com o Bob não foi assim mesmo tendo um conhecimento que superava os demais, não criou inimigos, haja vista a quantidade de gente que fazia de tudo para estar ao seu lado, o seu modo dócil e o respeito com que tratava as pessoas faziam com onde ele estava estivessem sempre um grupo apto para passar horas ouvindo os seus ensinamentos.

11 – Amor – A marca sem dúvida mais relevante na vida Bob, foi o amor, ele tinha um jeito especial de tratar as pessoas que o procuravam, que precisavam tratar algum assunto, o seu trato para com todos era dócil, fazia com que as se sentissem bem ao seu lado. Ele vivia o amor vertical referente ao Senhor Jesus e na horizontal o amor voltado para os irmãos. Alguém disse com “Bob que, todos eram bem-vindos. Ele valorizava cada pessoa, mostrando-lhes que eram aceitas e amadas por ele e por Deus. Bob passava horas ponderando sobre a verdade, com gentileza e respeito”.

Conclusão:
A vida e obra de Bob e de sua esposa Gretchen deixaram sem dúvida um legado para ser observado e seguido pelas futuras gerações de apologistas, que a seu intelecto, a sua coragem para combater as falsas doutrinas, a humildade capaz de reconhecer os valores na vida dos outros sejam parte das nossas vidas também, além disso temos o modo apaixonado como ele tratava e via as coisas não de forma abstrata, mas demonstrava este sentimento para com o Senhor e também ás pessoas, aliado ao bom humor atraia muita gente para o seu lado. A paciência para tratar e generosidade fazia deste casal uma referência muito importante para os demais. A energia, o trabalho em equipe e o amor fecham o círculo que nortearam toda a sua vida. Que o Senhor levante outros apologistas que a exemplo de Bob e sua esposa Gretchen venham marcar a sua geração.

Notas
Geisler, Norman L. – Meister, Chad V. – Razões para Crer – CPAD-2016-Rio Janeiro
( resenha do capitulo cinco)
Dicionário Houaiss eletrônico 3.0

FIM



[1] Conjunto de técnicas que permitem reproduzir um documento.
[2] 1 Estudo das causas do comportamento antissocial do homem, com base na psicologia e na sociologia.
2 Disciplina que se ocupa das diversas teorias do direito criminal ou penal.