Resumo
do capitulo primeiro do Livro Diaconia – "O significado da raiz diakon- e seus derivados no Novo Testamento
Introdução:
Neste
primeiro capítulo vemos a importância do trabalho que foi desenvolvido ao longo
da história no que está relacionado ao ministério diaconal na Bíblia, porém nas
Cartas do apóstolo Paulo (autênticas e deuteropaulinas) e nos Evangelhos é que
este termo diakonos dá uma conotação mais abrangente quanto a vida de algumas
pessoas que exerceram com dedicação este chamado. Vamos então a este importante
tema.
1 – O
significado da raiz diakon- e seus derivados no Novo Testamento
No
Novo Testamento a raiz diakon- e seus derivados aparecem, independentemente de
determinadas decisões de crítica textual, umas cem vezes, sendo que em
distribuição mais ou menos imparcial como substantivos diakonos, diakonia e o verbo diakonein.
Nos estudos a seguir termos uma visão mais precisa possível sobre este
termo usado na tradição bíblica. Abordaremos a priori as passagens em que
aparece o termo diakonos no Novo
Testamento. Como ponto de partida enfocaremos o significado do verbo diakonein à base do texto do Evangelho
de Mateus 25.31-46. No atual debate teológico sobre a raiz diakon- e seus derivados percebe-se uma clara mudança de enfoque.
Na maioria das Bíblias que tem as traduções em alemão prevalece ainda a
compreensão de diakonia como
“Dienst/serviço” ou “Amt/ministério”, pesquisas mais recentes salientam um
outro sentido do termo, que faz referência mais ao aspecto da mediação entre
grupos ou setores diversos. Neste sentido a diaconia
move-se de uma atividade mais criativa para um trabalho voltado mais para a
comunicação, construção de redes e mobilidade.
·
Diaconia
como mediação – O termo de diakonos é entendido como nomeação, para uma tarefa mais de serviço
nas comunidades cristãs primitivas, que consistia especialmente na ajuda a
pessoas necessitadas; esta compreensão unilateral é passiva de discussão. Como
contribuição este termo será apreciado detalhadamente o seu uso e o seu
significado no Novo Testamento. No Novo Testamento o termo diakonos aparece 27 vezes; mais adiante será mais aprofundado, com
ajuda dos textos escritos pelos Pais da Igreja, de modo especifico as Cartas e
Inácio, a tese elaborada no conjunto central à base das passagens do Novo
Testamento. Com estes três passos buscamos demonstrar uma compreensão de diakonos, que não se limita apenas na
assistência social, porém, com uma amplitude maior orienta-se nas relações
externas das comunidades cristãs, que exigem comunicação e mobilidade
correspondente.
·
Possíveis
derivações e significados no grego do termo diakonos – Em
relação ás origens e aos significados de diakonos,
há diversas sugestões; segundo a própria origem etimológica do termo não é
clara. A uma corrente que atribui aos Pais da Igreja a etimologia da palavra diakonos de dia-konis – “através do pó”. Contudo esta dedução ainda não
convence, porque o “a” em dia-konis é
breve enquanto em diakonos é longo.
Outros, apontam para a conexão com diaktoros,
mensageiro, de modo especial referindo-se a Hermes. Entretanto, outros opinam
que o termo originou da combinação de enkeo
- “ser apressado” – coma antecipação da partícula dia; esta explicação é tida e aceita como a mais correta,
considerando ainda digno de nota o fato de que aqui o aspecto do movimento tem
grande importância. Contanto seja como for quanto à relação etimológica de diakonos aparece ser ainda é incerto. Há
ainda outros enfoques para explicar a origem do conjunto de termos com base em diak- ou seja diakonos, diakonia e diakonein, a partir de determinadas
expressões. Sendo assim Klaus Berger
considera a ajuda aos pobres no judaísmo um importante precursor da pratica
diaconal. Ele aponta uma conexão existente entre o “Testamento de Jó” e Atos
capitulo 6. No “Testamento Jó”, que surgiu entre o ano 100 a.C. e 100 d.C., são
descritas em combinação com o que consta na Bíblia em Jó 31.16, diversas e
importantes obra de Jó. Voltando a esta relação com a tradição judaica Klaus
estabelece uma linha com os termos hebraicos Chäsäd (eleemosyne) e tsedaqa (dikaiosyne), bem como as gemilut
chassidim da tradição rabínica. De modo semelhante, Hermann Wolfang Beyer
em seu artigo no Theologisches Wörterbuchz
zum Neuen Testament, aponta para a relação da diaconia cristã, em especial
o termo diakonos, com a ordem de vida
comunitária judaica. Segundo o autor, no entanto, diante dessa suposta relação
com a tradição judaica surpreende o fato de que o termo diakonos apareça muito pouco na Septuaginta, aparecendo no livro de
Ester para designar os servos do rei Assuero (1.10; e apenas em alguns manuscritos
em 2.2; 6.1-5). Fora do livro de Ester vai aparecer num escrito bem posterior 4Mac
9.17, para caracterizar o s carregadores de armas (hoi hipaspistai), que ao
torturarem alguém, são chamados por ele de “miseráveis diakonoi”. Sendo assim diante dessa rara ocorrência do termo, é
pouco provável que, apesar de toda a relação do cristianismo primitivo com o
judaísmo, o termo diakonos, possa ser
derivado diretamente da tradição judaica. Então, parece ser mais coerente
partir do significado correto do termo na tradição grega da Antiguidade e,
portanto, encontrar a compreensão mais aprofundada do termo no cristianismo
primitivo. A tradução de diakonos nas Bíblias alemãs, no entanto, ainda está
fortemente marcada pelo artigo de Hermann acima mencionado, de 1935. Ele define
o termo a partir da ideia do servir. Na sua opinião o significado básico, é o
servir à mesa. Beyer vai diferenciar entre primeiro o livre emprego de
diakonos, que ele traduz por servo ou serva, e no segundo lugar Diácono
respectivamente diácona como designação para fixar um ministério na comunidade.
A partir destas definições, nas traduções da Bíblia em alemão, em geral,
diakonos é traduzido por “servo/a” ou “diácono/a” respetivamente “diaconisa”.
Beyer ainda vai listar uma serie de significado como por exemplo, o mensageiro,
administrador, segundo piloto, padeiro, cozinheiro, vendedor de vinho, bem como
estadista.
·
O uso neotestamentário
do termo – As passagens em que aparece o termo diakonos no
Novo Testamento podem ser subdivididas em três blocos: nas cartas autênticas de
Paulo em Fp1.1; 1Co3.5: 2Co3.6; 6.4; 11.15, nas cartas deuteropaulinas em Cl
1.7; 1.23; 1.25; 4.7; Ef 3.7; 6.21; 1Tm 3.8; 3.12; 4.6, e nos evangelhos em Mc
9.35; 10.43; 22.26; Mt 20.26; 22.13; 23.11; Jo 2.5; 2.9; 12.26.
·
Diakonos nas cartas autênticas de Paulo – Em 1 Tessalonicenses 3.2 tem
registrada a comprovação mais antiga do termo diakonos, onde ele cita o seu filho na fé Timóteo como “diakonos de Deus no evangelho de
Cristo”. Na versão atual grega do Novo Testamento de Nestle-Aland, não aparece
o termo diakonos, mas synergos (colaborador). Esta variante
proposta por ele é plausível para o ponto de vista da crítica textual, contudo
sua comprovação pelos códices é relativamente fraca. Outra passagem semelhante,
em que aparece e é inquestionável sob o ponto de vista da crítica textual,
muito cedo aceito pela tradição cristã de uma pessoa designada como diakonos, está registrada em Romanos 16.
Onde Paulo descreve a irmã Febe como diakonos
na igreja de Cencreia. Ele exercia o seu ministério em Cencreia subúrbio
portuário a leste de Corinto; ela vai tornar-se importante mediadora, entre
Paulo e os crentes de Roma. Em 1Corintíos 3.4, o próprio apostolo refere-se a
ele mesmo como diakonoi por meio de
quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Paulo afirma que
tanto ele, quanto Apolo são diakonoi.
Em 2 Coríntios 3.5 Paulo designa ele mesmo como diakonos. Em Romanos 15.8, Paulo refere-se à função mediadora de
Cristo com sendo diakonos da
circuncisão. Por fim em Romanos 13.3, Paulo refere-se à autoridade (poder
político estabelecido por Deus) como diakonos, vingador, para castigar o que
pratica o mal.
·
O uso
do termo diakonos nas cartas deuteropaulinas – Estas
cartas que levam o seu nome, porém foram escritas após a sua morte encontramos
também este termo diakonos, semelhante
ao do próprio Paulo No início da carta de Colossenses 1.7, encontra-se uma
referência a “Epafras nosso amado conservo, e quanto a vós fiel diakonos de Cristo” No final da carta de
Colossenses 4.7 é citado Tíquico, como irmão amado, e fiel diakonos, conservo no Senhor. Outras
referências Efésios 3.7; 6.21; Colossenses 1.23.
·
Diakonos
nos evangelhos – Nos
evangelhos não temos referência a uma pessoa como ocorre nas cartas paulinas,
porém é de modo geral uma abordagem que se refere a igreja de Cristo como um
todo. O nosso ponto de partida será o evangelho de João que apresenta duas
passagens em que aparece o termo diakonos.
·
O uso
do termo no Evangelho de João – Este
termo está relacionado com a passagem de João 2.5, da boda de Caná da Galileia,
quando Maria falou aos diakonoi:
Fazei o que ele vos disser. É possível entender o serviço que estes diakonoi exerciam entre os convidados,
Maria, Jesus e o mestre-sala. Mesmos sendo servidores comuns estiveram um papel
especial no primeiro milagre que o Senhor Jesus realizou. A outra passagem que
ocorre o termo diakonos é em João
12.26: “Se alguém me diakone, siga-me...”.
·
Diakonos
nos evangelhos sinóticos – Nos evangelhos sinóticos, encontramos em Mateus
22.11 um emprego do termo semelhante ao de João 2, quando os diakonoi são mencionados em conexão com
uma festa de casamento. Mateus em registra nos versículos de 1-10 em paralelo
com Lucas 14.15; então ordenou o rei aos diakonoi:
amarrai-o de pés e mãos e lançai nas trevas... No livro de Marcos 9.33, vemos
Jesus advertindo que “quem quer ser o primeiro será o último e diakonos de todos”. O termo diakonos passa ser combinado com a
expressão “ser o último”. Nos evangelhos vemos Cristo sendo o maior exemplo
para os apóstolos e para a igreja primitiva de como Ele exerceu o seu diakonein especial no momento da última
ceia; sobre o diakonein de Jesus
refere-se simultaneamente à sua morte de cruz.
2 –
Observações quanto à função do diakonos
nos Pais da Igreja – Nas fontes extracanônicas do cristianismo
primitivo, pode-se observar que o termo diakonos, no final do primeiro e do
segundo séculos, ao lado dos termos episkopos
e presbyteros. Clemente em sua Carta entendeu que havia uma necessidade da
instituição de diakonoi. Segundo a
Didaquê – uma ordem da vida comunitária do séc. II, os diakonoi devem ser
definidos, juntamente com os episkopoi. Nas Cartas de Inácio de Antioquia,
encontramos seguidamente tríade episkopos, presbyteroi ou presbiteryon e
diakonoi, sendo episkopos aparece no
singular. Ao passo que tudo indica que nessa época o episcopado monárquico já
estava plenamente estabelecido. Por exemplo Inácio escreve aos esmirnenses;
“Sigam todos ao bispo, Como Jesus Cristo ao Pai; sigam ao presbitério como aos
apóstolos. Acatem aos diáconos como a lei de Deus. Com base nisso se estabelece
uma hierarquia, em que o episkopos e
o presbyterium estão colocados à
frente dos diakonoi. Na Carta de Inácio aos Filadélfios, ele menciona o nome de
dois outros diakonoi, Filon diácono
da Cilícia e Reos Agátopos que o acompanhava desde a Síria. Assim podemos
concluir que a função mediadora nos contatos entre diferentes comunidades,
exercida especialmente pelos diakonoi,
pode ser comprovada a partir das cartas de Inácio. Eles são mensageiros de
comunidades que acompanham Inácio, ao menos em parte, para Roma, em sua
trajetória para o martírio, possibilitando assim o contato de Inácio com as
suas respectivas comunidades.
3 – Diaconia
como relação externa da igreja – Após ter sido analisado na parte anterior o significado do substantivo
diakonos, nesta unidade veremos o
verbo diakonein. Iniciemos, pois com
as considerações introdutórias, tendo como base uma fonte posterior.
·
Diakonein
como dirigir-se a pessoas fora da comunidade – Em uma
ordem de vida eclesiástica da Síria do séc. V consta: “Se o diácono atua numa
cidade localizada junto ao mar, ele deve investigar cuidadosamente a praia para
ver se as ondas do mar não trouxeram o corpo de um marinheiro naufragado. Ele
deve vesti-lo e sepultá-lo. Na hospedagem para estrangeiros, ele deve verificar
se lá não se encontram pessoas doentes, pobres ou mortas. Ele comunicará à
comunidade para que ela se ocupe com o que é necessário para cada um”[1]. Na maioria das
comunidades onde se realiza um trabalho diaconal não é à beira do mar, nem
também o trabalho do diácono e voltado só para estrangeiros ou àqueles que já morreram.
A ideia deste texto supracitado é mostrar como o trabalho diaconal deve ser
desenvolvido com muito zelo e com cuidado. A irmã Febe é denominada por Paulo como
diakonos da ekklesia de Cencreia. Se nos prendermos na função que lhe cabiam,
ficam evidentes dois aspectos por um lado, ela detinha uma função diretiva (prostatis,
dirigente) na comunidade de Cencreia, cidade portuária de Corinto, no sul da
Grécia. Possivelmente ela cuidava dos estrangeiros quando chegavam e precisavam
do necessário para a sua sobrevivência como por exemplo o apoio dado ao próprio
apostolo Paulo. É bem provável que Febe desenvolvesse um trabalho parecido com
o diácono do texto acima citado; reunião os estrangeiros famintos, sedentos,
cansados, sujos, malvestidos, estranhos e, quem sabe, até doentes. Ela era a
primeira pessoa da comunidade com o qual os estrangeiros entravam em contato.
Certamente ela também desenvolvia serviços que, costumeiramente, são
caracterizados como de caridades. Uma outra tarefa diaconal que ela executou
foi se colocar no caminho e, ao o que tudo indica, levou a Carta aos Romanos de
Corinto, onde Paulo estava no momento. Entendemos portando que o dakonein em
ligação direta com a vida fora das “quatros paredes da igreja”.
·
Diaconia
como relação externa da igreja atual – Neste tópico, passaremos à
atualização das ideias até aqui desenvolvidas. Sob o pano de fundo das
reflexões bíblicas sobre a relação entre a diaconia e igreja, podemos enfocar a
relação atual entre a Diaconia como instituição e a igreja institucional na
Alemanha. Quanto à ligação com a igreja institucional, deve-se levar em
consideração, em primeiro lugar que existe uma compreensão estabelecida sobre
diaconia, com a qual se entende as diversas formas de serviço diaconal como
“manifestação do ser e do viver da igreja” (Constituição da Igreja Evangélica
da Alemanha – EKD, sigla em alemão, Art.15). Por isso, no discurso interno
tanto na igreja como na diaconia sempre é destacada em ambos os lados essa
vinculação indissolúvel entre a igreja e diaconia. A diaconia compartilha,
segundo sua concepção própria e da igreja, o conteúdo da, auto definição da
igreja constituída. Essa vinculação indissolúvel entre a igreja e diaconia
geralmente se fundamenta com referência à criação da moderna diaconia alemã por
Wichern em 1848. Entretanto, sob o ponto de vista histórico, não dá para negar
que a tentativa de Wichern de integrar a moderna diaconia na igreja
paradoxalmente levou de fato a uma diferenciação crescente entre a diaconia e a
igreja. Quanto mais a diaconia passou a ser profissional isto até aos dias de
hoje, o trabalhou diaconal se desenvolveu, tanto mais fortes e claras se
tornaram as tendências de auto distanciamento da igreja. As mudanças e as exigências
econômicas, os profissionais de direção e de investimento de tempo em relação à
diaconia profissional são tamanhas, que seria arriscado tentar estabelecer um
vínculo intimo com a igreja constituída. Segundo o autor a devido as leis
criadas na Alemanha e no bloco europeu, a tendência e que deve acabar está
diaconia como havia sido estabelecida antes.
Conclusão:
Este
capitulo teve como finalidade precípua trazer luz sobre os termos substantivos diakonos,
diakonia e verbo diakonein. Tendo feito isto o autor procurou trazer aos seus
leitores de modo sintético um esclarecimento de como era a comunidade alemã
cristã (e não cristã) no que diz respeito a diaconia exercida por eles. Dá uma
introdução na diaconia nos evangelhos, nas cartas autênticas paulinas e
deuteropaulinas. O autor encerra este capítulo trazendo luz ao texto de
2Coríntios 3, onde o texto trata da diaconia exercida por Moisés no Antigo
Testamento de como ele relacionava-se com o povo; que como disse o autor que no
início não é fácil a interpretação. O apóstolo Paulo usa o termo diakonia para
referir-se ao seu ministério e o modo como ele transitava de um lado para o
outro cumprindo a sua missão. Paulo que faz menção da diaconia Moisés, como ele
estava exercendo diante do povo este tão importante chamado. Moisés ia levando
as necessidades do povo para Deus e vinha consequentemente trazendo de Deus a
mensagem para o povo; chamado este que o apostolo vai desempenhar também como
poucos, orava pelos crentes e via as suas necessidades e também respondiam
aqueles que precisam, aquela, que era o querer de Deus para a sua vida no
particular e especialmente para a noiva do Cordeiro como um todo.
Por: Valmir Ribeiro dos Santos
Bibliografia
STARNITZKE, Dierk. Diaconia: Fundamentação
bíblica – Concretizações éticas / Dierk Starnitzke. Tradução de Martin Volkmann
– São Leopoldo – Sinodal, 2013.
Bíblia de Estudo Pentecostal Edição Revista e
Corrigida CPAD 1995
Fim
[1]
Citação extraída de FICHER, Balthasar. Dienst Und Spiritualität des Diakons.
Das Zeugnis einer syrischen Kirchenordnung des 5. Jahrhunderts, in: PLÖGER,
Johannes (ed.). Der Diakon. Wiederentdeckung und Erneuerung seines Dienstes.
Freiburg, de Basel, Wien, 1980, p.263-273, no caso p.266