Noções de Homilética


Homilética

I- O que é Homilética

        Homilética pode ser definida como a ciência que ensina os princípios fundamentais do discurso público, aplicados na proclamação do Evangelho. Em termos mais simples: "homilética é a arte da preparação e comunicação de sermões".

        A palavra homilética deriva-se do termo homiletike, que significa o ensino em tom familiar. De origem grega, aparece também o verbo homiléo, que quer dizer conversar. Este verbo tomou forma na Era Cristã, resultando no termo homilia, que designa a pregação cristã feita nos lares em forma de conversação.

        A observação da "homilética" no preparo de um sermão, não visa suprimir a inspiração e a unção do Espírito santo, não só necessários, mas também indispensáveis à pregação do Evangelho. Ela fornece ao pregador recursos para a elaboração dos pensamentos inspirados pelo Espírito Santo, colocando-os na ordem lógica. Por termos a grande Verdade a transmitir ao mundo, devemos possuir um grande método para a sua transmissão.

        Estão ligados à homilética outros três termos que tem uma relação entre si muito grande, embora sejam distintos quanto o seu significado, são eles: oratória, eloquência, e retórica, como se define a seguir.

1.    Oratória
       A oratória é arte de falar em público de forma elegante, precisa, fluente e atrativa. Muitos pregadores são estudiosos, pesquisadores, inteligentes, homens de oração; mas falham quanto à elegância e fluência na transmissão da mensagem divina.

  
2.  Eloquência
       A eloquência pode ser desenvolvida na teoria e na prática da oratória. É o dom natural da palavra, desenvolvido de modo coordenado, coerente e fluente.

3.  Retórica

        A retórica é o estudo teórico e prático das regras que desenvolvem e aperfeiçoam o talento natural da palavra, baseando-se na observação e no raciocínio.

II - Vocação Ministerial

        O ministério da Palavra, ou da pregação, tem o seu lugar de destaque no trabalho cristão. Para exercer este ministério torna-se necessário que tenhamos compreensão exata do caráter sublime da vocação ministerial.
        A chamada para o ministério da pregação é uma experiência real e específica, e quem dela foi alvo pode lembrar-se muito bem quando e em que circunstâncias foram chamados. Não se pode confundir vocação e chamada para o ministério da pregação, com simples desejo de fazer algo para Deus, pois duas coisas completamente opostas. Existem algumas qualidades daqueles que são chamados:

Nascido de Novo

        A primeira qualidade daquele que quer candidatar-se e ser chamado por Deus para esta grande obra o "santo ministério", é o novo nascimento. Tudo vai acontecer na vida do crente a partir do novo nascimento, sem este se torna impossível alguém conseguir chegar lá.


Chamado por Deus

        A Bíblia apresenta dois tipos de chamadas: a coletiva e a individual. A chamada coletiva abrange todos os crentes em Cristo para serem Suas testemunhas. A chamada individual específica e o Espírito Santo que fala diretamente à pessoa e a designa para o trabalho que Deus quer que ela faça (Cl 4.17; 2Tm 4.5; At 6.4).

        Além de ser chamado por Deus obreiro (pregador) precisa de:

Uma vida de Oração
       
        No cultivo de uma vida espiritual, a oração é o ponto de partida, e a chave mestra. Os homens e mulheres mais poderosas que a história sagrada e eclesiástica nos apresenta, foram aqueles que se dedicaram em oração.
         A oração é sem dúvida, a mais poderosa arma do pregador. Os sermões mais eficazes e poderosos nascem sob os joelhos. Através da oração, o Espírito Santo inspira a mensagem ao pregador e capacita-o a transmiti-la ao povo.


Alimentação Adequada

        O corpo precisa receber alimentação adequada aos hábitos e necessidades da vida ministerial. A qualidade e a quantidade da comida devem merecer a atenção do ministro. Certas comidas indigestas e prejudiciais à saúde devem merecer atenção especial do ministro.

Exercícios Físicos
       
        A falta de exercício físico tem roubado muito da energia dos pregadores e isto pode ser visto no púlpito enquanto pregam. A
obesidade é um resultado direto da falta de exercício físico. Existe uma falsa ideia de dignidade por alguns ministros, quanto exercício físico, como desnecessário à vida do obreiro.

Descanso Suficiente

        O pregador deve cultivar os hábitos de descansar e ter horas regulares de sonos. Jesus mesmo tendo muita tarefa a realizar, recorria a momento de descanso. Quando se sentia cansado dormia na primeira oportunidade, no barco, em casa de amigos, ou ar livre.


III - O Texto Bíblico Básico do Sermão

        O que significa a palavra texto? Ela se deriva do verbo latino texere, que quer dizer tecer, construir, reunir, compor.

        O texto é o tecido que dá roupagem à pregação, isto é, a textura ou base do sermão. Na pregação, o texto refere-se à porção escolhida das Escrituras, sendo a base na qual o sermão será desenvolvido, isto é, será tecido. O texto pode ser um versículo, ou mais, ou apenas parte de um versículo.
        O uso das Escrituras na pregação é imprescindível, porque reforça o conceito de que a Palavra de Deus é a força motriz da pregação.

1.    Dá autoridade à mensagem.
2.   Exerce influência irrestrita para que o pregador se mantenha dentro do seu tema.
3.   Unifica o sermão.
4.   Prepara o povo para o sermão.
5.   Serve para promover variedade na pregação.


A Escolha de Textos Bíblicos
       
        Certos princípios e regras merecem a devida atenção quanto à escolha de textos, para que não haja interpretações distorcidas e erradas. A escolha deve ser feita com cuidado e espírito de constante oração. Vamos à algumas regras:

·       Escolha  textos que expressem pensamentos completos (Jo 3.16).
·       Escolha textos claros para você mesmo, como também para o povo a quem você vai pregar (Rm 6.23).
·       Evite textos obscuros, principalmente quando será a base do sermão (1 Co 11.10).
·    Escolha textos objetivos. Textos que respondam às necessidades mais prementes do qual ministrará a Palavra de Deus (Rm 3.23).
·       Escolha textos sobre os quais não há dificuldades hermenêuticas, ou seja escolha textos de fácil interpretação (Jo 14.6).
·       Escolha textos sobre os quais não hajam dúvidas (Jo 9.31).
·   Escolha texto dentro dos limites da sua capacidade de explaná-los, pois um comentário inseguro acerca de um texto que você não conhece inteiramente, desapontará seu auditório (Sl 91).

A Interpretação de Textos Bíblicos

        A Bíblia não pode ser interpretada ao seu bel-prazer daqueles que leem. Ao formar a base de um sermão, o pregador deve obedecer às regras que determinam o sentido do texto escolhido para a pregação, a fim de evitar desvios doutrinários ou uso de interpretação supérfluas que podem acarretar danos espirituais aos seus ouvintes.


Regras básicas para para interpretação do texto bíblico:


1.    Interpretar Fiel e Corretamente o Texto

É dever do pregador interpretar e aplicar o texto de acordo com o seu sentido real, tendo o cuidado de não forçar o mesmo a dizer o que diz; portanto o pregador deve limitar-se ao conteúdo da Bíblia.

2.  Recorrer ao Contexto

     Recorrer ao contexto significa examinar o que precede e o que sucede ao texto escolhido. O texto bíblico não pode ser interpretado isoladamente fora do seu contexto.

3.  Explicar a Escritura pela Escritura

Esta regra ensina que a Bíblia interpreta a Bíblia. O confronto entre si dos textos bíblicos trará uma compreensão maior da Bíblia.

IV - A Estrutura do Sermão

A introdução do sermão

·        A Introdução deve ser breve
·        A Introdução deve ser apropriada
·        A Introdução deve ser interessante
·        A Introdução deve ser simples

Fontes da introdução

·        O texto bíblico
·        O contexto bíblico
·        A ilustração
·        Fatos e eventos da atualidade
·        Uma frase ou provérbio
·        Experiência pessoal
·        O momento presente

O plano do sermão
       
·        O sermão deve possuir uma ordem apropriada entre si
·        A transição de um pensamento para o outro
·  Pertinência entre as divisões do sermão e as necessidades presentes

Conclusão do sermão

·       Recapitulando
·       Narrando
·       Persuadindo
·       Convidando

V - Espécies de Sermões

Há, basicamente, três tipos de sermões mais usados que são;

a)   Sermões Temáticos
                               Você lê o texto bíblico e desenvolve o tema dentro do assunto  que ele apresenta exemplo;

Tema: O poder do Evangelho
Texto : Romanos 1.16

Divisão do sermão
1°  ponto           I. O Evangelho liberta.
2° ponto           II. O Evangelho transforma.
3° ponto           III. O Evangelho cura.     

b)  Sermões Textuais
                 
                O sermão textual baseia obrigatoriamente no texto bíblico. A divisão do sermão é tirada do texto. Exemplo;

Tema: Jesus visita um pecador.
Texto: Lucas 19. 1-10.

Divisão do sermão
I.           Foi uma visita inesperada (vv. 1-6).
II.        Foi uma visita transformadora (v. 8).
III.     Foi uma visita salvadora (vv. 9,10)

c)   Sermões Expositivos.

                Para o preparo do sermão expositivo alguns conselhos úteis contribuirão para uma compreensão maior.

a)   Não fuja do texto lido.
b)  Não seja mero tórico. Seja prático na aplicação da passagem escolhida.
c)   Estude bem o texto, cada palavra, cada frase. Não seja superficial. Tenha conhecimento pleno do texto que pretende expor no sermão.
d)  Evite a monotonia. Você deve escolher textos de diferentes partes das Escrituras que possuam alguma lição positiva.
e)   Cultive a leitura sistemática da Bíblia. pense e pesquise cada palavra ou versículo interessante que encontrar. Ore sempre, pedindo a iluminação do Espírito Santo sobre a passagem estudada.


 Conclusão: A homilética visa aprimorar o orador na transmissão verbal da palavra.


       

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