sábado, 14 de outubro de 2017

Soli Deo Gloria

SOLI DEO GLÓRIA (5) – A GLÓRIA SOMENTE A DEUS
Eu Sou Yahweh, o SENHOR; este é o meu Nome! Não dividirei a minha glória a nenhum outro ser, tampouco entregarei o meu louvor às imagens esculpidas[1] Is.42.8.
Introdução:
A glória de Deus quando mencionada na Bíblia tem haver com a sua grandeza e excelência, não sendo, portanto, capaz de ser alcançada pelo homem em seu estado natural.  A definição da palavra glória em sua raiz hebraica é Kabod que tem o significado de peso, esplendor, honra, algo glorioso. O renomado reformador Martinho Lutero[2] vai combater em suas 95 teses, ainda com um certo cuidado o poder papal. Ele vai expressar dentro do seu conhecimento, que o poder papal, no que tange a remissão dos pecados dos fiéis, não pode ser ou ter um peso maior ou diferente do que está registrado nas Sagradas Escrituras, sendo assim ele vai deixar uma linha tênue de raciocínio que pode levar o seu leitor a entender que “Ao Deus todo poderoso seja toda a Glória”.
Segundo, John Piper no seu artigo: Soli Deo Gloria[3] ele define que:
A glória de Deus é a santidade de Deus colocada em exposição. Isto é, o valor infinito de Deus manifestado”.
I – A glória pertence a Deus.

Desde do Antigo Testamento vemos o Senhor deixando bem claro que a glória pertence a Ele, e está fora de qualquer cogitação dividir a sua glória com qualquer pessoa que seja, por mais que tivesse uma ligação direta com Ele e exercesse influência sobre o seu povo. A se todos entendessem de fato está verdade, a igreja iria refletir a sua glória e conheceria a sua vontade e mundo estaria muito melhor, com menos desigualdade entre a sociedade.

II – Os céus manifestam a glória de Deus.

Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos[4]. Sl 19.1

Podemos ver na formação do firmamento a glória de Deus sendo manifesta, trazendo forma, existência, aquilo que não havia. Nesta harmonia existente no universo, ainda que questionada por alguns ateístas, e negada pelos céticos, é possível ver a gloria de Deus envolvendo toda a obra por Ela realizada. Agora não podemos confundir e achar que Deus é o firmamento, a natureza como um todo, não, a natureza e os céus nos dão o testemunho e mostram que só o Senhor Grande e Poderoso como é; e que só Ele conseguiria criar e manter todas a s coisas em perfeita harmonia. O mar por mais imponente que seja foi colocado com um limite as rochas e areia; o sol querendo ou não sai de cena para dar lugar a noite; o calor por mais extremo que seja, chega uma hora que perde o fulgor, para dar lugar ao frescor de uma nova estação, e assim sucessivamente. Através destas manifestações torna-se possível o conhecimento de alguém. de um ser superior, que neste caso nós sabemos que não é qualquer um, mas o nosso Deus criador, majestoso, vestido de sua glória que é totalmente sua.

iii – a glória de Deus, abate a glória dos ídolos.

em nosso texto base vemos o próprio Deus dizendo que: tampouco entregarei o meu louvor às imagens esculpidas”, torna-se fundamental uma compreensão bem aprofundada deste texto. No Antigo Testamento a idolatria foi duramente combatida pelo Senhor, e quando tinha uma resposta positiva da parte do povo, em abandonar a idolatria, havia prosperidade na terra, entre o povo, não havia sinal pestes ou de algo parecido; a doença era retida, a terra respirava e produzia abundantemente, agora quando acontecia o contrário, povo passava por grandes privações, a ponto de uma “cabeça de jumento” e uma “caneca de esterco” custar valor um valor exorbitante, vemos também, o profeta Elias, des-

Houve grande fome em Samaria, porque o cerco foi mantido até que grande fome se espalhou por toda a cidade, a ponto de uma cabeça de jumento custar o equivalente a oitenta peças de prata, e uma caneca de esterco de pomba, cinco peças de prata. 2 Re. 6.25

safiando e colocando em cheque os ídolos de Acabe e da profana Jezabel, Baal e Azera (Astarote). Enquanto o primeiro era o deus que trazia fertilidade aos campos por mandar a chuva a segunda era conhecida como a deusa da fertilidade, do amor e da guerra, porém Acabe quando é confrontado pelo profeta do Senhor, a chuva não veio, a terra não pode produzir, os animais não se multiplicarão, as guerras não foram vencidas. É assim que Deus faz, já que não querem ouvir a sua voz, então pagar-se-ão uma conta muito cara. Lembremos que o Senhor Deus jamais permitirá que a glória que é sua seja dividida com terceiros, ou gloria é para Ele ou não, e toda glória que não chega a Deus terá um outro ser sendo adorado e glorificado. Entretanto 2 Crônicas 7.14 vai abrir a visão do povo hebreu e, consequentemente a nossa também, que se houver humilhação diante d’Aquele que é o Grande Eu Sou, haverá paz e abundancia na terra
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IV – a glória de Deus é maior que a glória das Nações e dos reinos.

Pede, e Eu te darei as nações como herança, os confins da terra como tua propriedade. Sl 2.8

A glória de Deus não deve ser vista ou analisada sob a perspectiva qualquer, banalizada, mas de alguém que é glória. Tudo que existe é Dele, pertence a Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez, sendo assim nós vamos ver o nosso Deus poderoso, dando ao seu Filho Jesus as nações como herança. Só quem é dono pode pegar o que é seu e presentear outro, ou faze-lo parte de sua herança. No Salmo 46.6 o salmista vai compreender a dimensão da gloria Deus ao escrever: “Nações se agitam, reinos se abalam; Ele ergue a voz, e a terra se derrete”. Entendemos então e vemos quão é o poder que o nosso Deus exerce sobre as nações e os reinos. Na tentação quando Jesus foi levado ao (Mateus 4.1-11) deserto vemos o mentiroso satanás oferecendo a Jesus o poder e a glória dos reinos, sendo que Deus já havia oferecido todas as nações e todos os reinos como herança por ter conquista para o seu Pai homens de toda a raça tribo língua e nação (Ap. 5.9). Se eu já sou dono por direito adquirido por que então deixar seduzir-se pela a mentira do inimigo. Concluindo é interessante lembrar que se a ira do Senhor for derramada, e Ele bradar em alta voz, com o poder de sua voz derrete as nações com todo o seu poderio. Pensemos nisso.

v – a glória de Deus é superior do que a glória e o poder papal.

O monge Martinho Lutero vai entender que a glória e o poder pertencem a Deus e que nem o papa e muito menos os pregadores (vendedores) das indulgencias tem o poder de tirar ou colocar alguém no castigo eterno. Ele vai combater esta atitude das autoridades espirituais da sua época eis ai algumas teses:

19 - Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.
20 - Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.
21 - Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.
22 - Pensa com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.
23 - Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.
24 - Assim sendo, a maioria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.
25 -Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d'almas o tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.
26 - O papa faz muito bem em não conceder às almas o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.
27 - Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.[5]

Não era concebida por Martinho Lutero uma ideia de que o homem pudesse ser aceito por Deus, se este mesmo não entregasse a sua vida a Cristo. E que o papa por mais autoridade que tivesse, não podia assumir o lugar daquele que é Divino. Este período que motivou a reforma era um momento em que a igreja instituída por Cristo havia se perdido completamente, e as suas bases haviam sido trocadas por ensinamentos que estavam fora da palavra do Senhor.

vi – a glória de deus excede o conhecimento humano.

O momento em que vivemos, quando os lideres contemporâneos tem tentado a todo o custo manter a “sua glória” acima dos demais criando em alguns casos meios escusos para manter uma falsa aparência santidade, torna-se fundamental que a igreja do Senhor, coloque-O no lugar que é seu de direito, não num lugar escondido dentro do templo ou escondido dentro de uma arca num lugar qualquer, o tempo é propicio de chamarmos a existência com coragem e vigor qual seja a vontade do eterno Deus sobre a nossa vida e sobre a igreja do Senhor Jesus. Por mais que os grandes mestres criem doutrinas ou abram mão da ortodoxia bíblica, Deus em sua essência continua hoje, e sempre será aquele que diante dele toda a sabedoria e glória humana vai ter que se curvar. O apostolo Paulo vai dizer que tudo que o homem semear, vai colher, é a lei da semeadura, quando alguém semeia fora da vontade do Senhor, fora da vontade do Senhor colherá. A vaidade, orgulho, presunção, soberba, não atrairá a glória de Deus, entretanto um espírito quebrantado, atrairá com certeza a virtude da glória do Senhor. Como vimos na definição de Piper a glória de Deus e a sua manifestação da sua essência em santidade, e esta santidade quando revelada ao homem, ele sente a sua miserabilidade diante da santidade do Altíssimo, isto pode ser visto na visão que o profeta Isaias teve da glória de Deus no capitulo 6.5 do seu livro, quando ele cai em si usa a seguinte expressão: “Pois eu sou homem de lábios impuros [...] e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos Exércitos”. O profeta Isaias vai sentir qual é o peso de ter uma experiência profunda da glória do Senhor.

CONCLUSÂO:

O momento é muito bom para cada um de nós abrir mão daquilo que julgamos certo e procurar conhecer mais profundamente a excelência e a grandeza da glória, poder e majestade do Senhor, sabendo que a essência da sua glória Deus não divide com ninguém. Então poderemos dizer sempre: “Soli Deo Glória!!





[1] Bíblia King James Atualizada
[2] Reverendo padre, monge da Ordem Santo Agostinho, mestre em Artes e em Sagrada Teologia e professor. (As 95 Teses e a Essência da Igreja – Martinho Lutero – Editora Vida – 1ª Ed. 2016 - SP
[4] Bíblia João Ferreira Almeida Atualizada

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